O Brasil está rapidamente se consolidando como um dos centros mais promissores do iGaming mundial. Com uma população numerosa, apaixonada por esportes e altamente conectada, o país está abrindo espaço para operadoras de apostas explorarem um território cheio de oportunidades. Com isso, o mercado brasileiro começa a ganhar destaque no cenário internacional. Porém, mesmo com todo esse crescimento, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertou, em uma prévia divulgada à Folha, que o Brasil precisa acelerar a regulamentação das apostas esportivas – e isso vai além da simples questão tributária. O foco deve ser criar um ambiente seguro para os jogadores e garantir um crescimento sustentável do setor.
Crescimento do mercado em 2024
Atualmente, o Brasil representa o maior mercado regulamentado do mundo em termos de volume. De acordo com uma análise da ENV Media, cerca de 2 em cada 3 adultos (aproximadamente 106 milhões de pessoas) já tentaram a sorte em jogos com dinheiro real, incluindo slots e outras modalidades. Além disso, mais de 74 milhões de brasileiros apostam ativamente em esportes. Outro dado impressionante: o mercado movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano.

Se colocarmos todos os tipos de jogos na balança, incluindo os gratuitos e casuais, o Brasil já ocupa o 5º lugar no ranking mundial. Os jogos de cassino que envolvem dinheiro real — como slots e roletas — já superam a marca de 100 milhões de participantes por ano. Quando comparamos com vizinhos como Argentina e Colômbia, o Brasil se destaca ainda mais.
Na Argentina, a regulação é descentralizada — cada província define suas regras. Atualmente, 17 das 23 províncias contam com alguma forma de regulamentação, o que resulta em cerca de 8 milhões de jogadores ativos e uma movimentação de US$ 2,5 bilhões por ano. Já na Colômbia, em 2023, havia aproximadamente 9,5 milhões de usuários em sites de apostas. O país conta com cerca de 20 milhões de apostadores ativos, com destaque para apostas esportivas, loterias e slots online. Esses dados reforçam o tamanho e o potencial do mercado brasileiro em relação aos demais da América Latina.
Mais do que impostos: o caminho para um mercado sustentável
As novas regulamentações brasileiras entraram em vigor no dia 1º de janeiro de 2025. Elas trouxeram exigências voltadas à proteção do consumidor e um sistema de fiscalização mais rigoroso, comandado pelo Ministério da Fazenda.
Em 2024, o Ministério anunciou que 66 empresas já haviam protocolado pedidos para operar legalmente no país. Para funcionar, cada uma deve possuir um domínio “.bet.br” e seguir regras específicas, como:
- Implementar práticas de jogo responsável
- Garantir transparência fiscal
- Certificar os jogos oferecidos
- Proteger os dados dos usuários
Desde outubro de 2024, sites não autorizados começaram a ser bloqueados com apoio da Anatel. A ideia é proteger os jogadores contra fraudes e impedir o funcionamento de empresas ilegais. Caso alguma empresa não licenciada tente atuar, os bancos estão autorizados a bloquear transações relacionadas.
Além disso, os jogadores também devem migrar voluntariamente para o mercado regulamentado e refazer o cadastro com as novas exigências de segurança. Entre elas, está a verificação de identidade com reconhecimento facial — uma medida que evita o uso indevido de contas por terceiros e aumenta a segurança geral.
O que esperar do iGaming em 2025
Com a entrada das novas regras, o futuro do setor no Brasil parece promissor. As medidas estão alinhadas com boas práticas internacionais e tornam o ambiente mais confiável para investimentos. Isso deve atrair ainda mais empresas sérias, afastando operadores duvidosos.
A tecnologia também tende a evoluir rapidamente no setor, com a chegada de novas formas de pagamento e integração com carteiras digitais internacionais como PayPal, Skrill e Neteller. Por outro lado, o aumento de ataques cibernéticos impulsionará a necessidade de reforçar a segurança digital.
Outro ponto importante será a geração de empregos e o fortalecimento de uma indústria nacional de jogos. O governo tem como objetivo transformar o mercado de apostas em uma fonte segura de renda tanto para os cofres públicos quanto para a população em geral.

Relevância cultural e produção de conteúdo local
O público brasileiro é engajado, criativo e profundamente ligado à cultura local. O futebol, por exemplo, é uma paixão nacional, e os fãs não medem esforços para se conectar com o esporte. Nesse contexto, jogos com temática futebolística tendem a atrair cada vez mais jogadores.
Por isso, é essencial que o governo incentive também os estúdios de desenvolvimento nacionais. Apostar apenas em empresas estrangeiras pode representar uma perda de oportunidade para talentos locais. O apoio a desenvolvedores brasileiros impulsiona a criação de conteúdo com identidade própria e valor cultural.
Considerações finais
No fim das contas, o Brasil precisa encontrar o equilíbrio entre regulação e incentivo ao mercado. Nenhum dos dois lados pode pesar mais. Se o país quiser ocupar uma posição de liderança no cenário global de jogos, precisa promover o jogo responsável e garantir a proteção dos consumidores.
Com regras claras, empresas sérias, conteúdo culturalmente relevante e proteção ao jogador, o Brasil tem tudo para se tornar referência mundial no setor de iGaming.